terça-feira, 17 de junho de 2014



"Com o coração cheio de expectativas não correspondidas dormia sem vontade de acordar. Foi então que decidiu seguir a já esquecida procura pelo inabitado de si mesmo e acabou achando sensações, canções, perturbações, excitações e evidências de que estava no caminho certo, de que deveria retomar as rédias de seu destino e a certeza de que sua felicidade voltaria a ser prioridade. 

Encontrou o que ainda não havia se permitido viver, achou a essência da sua felicidade hora clandestina, hora permitida, hora planejada, hora inconsequente.

Nessa excursão viveu diversão, achou as janelas abertas da alma que lhe mostravam horizontes infinitos e quis se jogar num vôo sem reservas e sem volta. Do alto de seu salto concluiu que sua procura por si só já era o que buscava."


Natan Gaia


"Há momentos em que tudo o que a gente precisa é dar colo para o próprio coração. Aconchegá-lo. Deixar que perceba que naquele instante todas as outras coisas podem esperar um pouco; ele, não. Ele é o nosso rei e o nosso reino. O papel para desenho e a caixa de lápis de cor. A música e a orquestra. Nossa bússola e nosso mar. A flor, o pólen, a borboleta, ao mesmo tempo. A colméia e o mel. O centro, onde tudo principia e para o qual tudo converge. Ele não pode esperar. O coração da gente gosta de atenção. De cuidados cotidianos. De mimos repentinos. De ser alimentado com iguarias finas, como a beleza, o riso, o afeto. Gosta quando espalhamos os seus brinquedos no chão e sentamos com ele para brincar. E há momentos em que tudo o que ele precisa é que preparemos banhos de imersão na quietude para lavarmos, uma a uma, as partes que lhe doem. E que o levemos para revisitar, na memória, instantes ensolarados de amor capazes de ajudá-lo a mudar a frequência do sentimento. Há momentos em que tudo o que precisa é que reservemos algum tempo a sós com ele para desapertá-lo com toda delicadeza possível.
Coração gosta de espaço."

Ana Jácomo


“Não há quem não feche os olhos ao cantar a música favorita.
Não há quem não feche os olhos ao beijar, não há quem não feche os olhos ao abraçar.
Fechamos os olhos para garantir a memória da memória.
É ali que a vida entra e perdura, naquela escuridão mínima, no avesso das pálpebras.
Concentramo-nos para segurar a dispersão, para segurar a barca ao calor do remo.
O rosto é uma estrutura perfeita do silêncio. Os cílios se mexem como pedais da memória.
Experimenta-se uma vez mais aquilo que não era possível.
Viver é boiar, recordar é nadar.”


Fabrício Carpinejar


"A vida é simples, milagrosamente simples.
A esperança é firmeza. Consiste em seguir adiante mesmo com pânico, mesmo com receio.
Não há como acalmar o coração senão vivendo.
Parece que nunca conseguiremos fazer, mas vamos fazer, acredite, toda a vida foi feita de sustos bons.
Somente tememos o que é importante. Somente temos dúvidas do que é essencial. Somente entramos em crise por enxergar com clareza a dimensão de nossa escolha.
Os riscos valorizam a recompensa."


Fabricio Carpinejar


domingo, 15 de junho de 2014



"Porém, amar é encontrar aquilo que não se procura. Aquilo que surge sem explicação, que não tem lógica, e contra o que não adianta lutar: nenhuma resistência é suficiente. Amar é puro fascínio. Você cruza com uma pessoa que talvez nem equalize com seus sonhos, mas é com ela que se deu o click, o curto-circuito, que algo foi despertado. A mágica está no que não veio por encomenda, nem atendendo a pedidos, nem no momento certo, nem mesmo pegou você de banho tomado – é um flechaço do Cupido, que às vezes é ruim de mira, mas ao menos tem boa intenção."

Martha Medeiros





"A vida, bordadeira de surpresas bonitas que também é, de vez em quando borda no tecido do caminho da gente umas histórias aparentemente sem pé nem cabeça, mas com muito coração.

E é o coração que pode encontrar importância no significado do bordado. Reverenciar a mestria, a ternura, o requinte do humor da bordadeira. A sua perspicácia. A sua visão amorosa. Sentir a qualidade de textura dos fios de sabedoria que ela usou para bordar a surpresa.

É o coração. Não, necessariamente, a circunstância."

Ana Jácomo

Oração pelos dias que virão



"Que eu possa agradecer a todo aquele que me ajudar ao longo da vida, mesmo que ele não saiba, pois é a gratidão um dos maiores sentimentos do homem. Que eu identifique a importância da tristeza e a entenda necessária para o reconhecimento da felicidade. Que me seja dada paciência diante dos grandes desafios, porque as coisas mais preciosas da vida são realizadas com esmero e determinação, sabendo que o pássaro carrega no bico, um a um, os gravetos que usará para construir o seu ninho. Que eu tenha resignação para entender e aceitar as coisas que não podem ser modificadas e força, para desbravar os labirintos de mim. Que eu entenda que os amores morrem e, ainda assim, não tenha medo de me entregar com o meu desejo inteiro, na certeza de que depois da morte sempre há o renascimento. Que não me seja permitido esquecer que toda a vida é perecível e que eu saiba aproveitar as eternidades contidas nos momentos mais importantes, que são também os mais simples. Que eu consiga alcançar estrelas e tenha a sabedoria de guardá-las, para as situações de escuridão absoluta. Que quando nada mais parecer dar certo e a esperança tiver ficado para trás, corroída pelas traças na gaveta do esquecimento, eu invente. Que a raiva não me cegue. Que o medo não me trave. Que a liberdade não me assuste. E que nunca, jamais, em tempo algum, eu deixe de acreditar. Amém."

Duda Araújo

Insensatez




Você me permite ir, você me permite escolher, você é democrática, sensata, elegante, madura, equilibrada, não procura forçar sua opinião, impor sua vontade, você oferece espaço, aguarda, pede que eu reconheça seu valor, sai de perto para não pressionar, chora e sofre distante, recrimina o ciúme e me exclui.
Desculpa. Mas amor não é justiça, amor não é julgamento, amor não é consciência, amor não é controle.
Amor é um filho da p. da insistência, é manter-se perto, próximo, junto, grudado, até que o entendimento da vida estale.
Não é se afastar, não é facilitar o trabalho dos outros se afastando. Não é exigir que venha agora ou nada, que venha inteiro ou nada. Diante do extremismo, sempre ficaremos com nada.
Partilho da crença de que o provisório é tudo.
Pode vir pela metade, fragmentada, dividida, um terço de si, uma parcela, que eu aceito e completo. Eu lhe quero do jeito que der, do jeito que for.
Pode vir confusa, em crise, indecisa, ambígua, que logo unifico seus receios.
Não confio na saudade, confio na presença. A saudade só adoça o arrependimento.
Eu não saúdo a saudade. Eu dou a porta de saída para a saudade.
É com a convivência que vou mostrar que sou o melhor para seu temperamento, que sou também o pior, que sou o que espera, e sou também o que não espera, que sou sua alegria e também sua desordenada raiva, que sou seu encantamento e também sua decepção, que sou o centro de seus dias e também as margens de suas noites.
Não serei educado para deixá-la em paz. Nunca. Amor quando dói é mal-educado. Falarei excessivamente, farei sinais e gestos passionais, tremerei mais do que copo de morto - terá o que se lembrar de mim.
Não finja que deseja meu bem. Não há bem com a distância. Deseje meu mal, mas deseje que eu seja seu.
Aquele que é o nosso maior erro costuma ser o grande amor de nossa vida. 

Da série "Ficções do Amor"
Fabrício Carpinejar

quarta-feira, 11 de junho de 2014



“Pensa em tudo que já foi feito e acredite em seu roteiro. Se teve dias de sol e noites nubladas, não importa. A vida não pode ser rebobinada como uma fita e cada personagem e cena teve o seu lugar na história. Não descarte as emoções sentidas nem menospreze as atitudes escolhidas. Apenas assista novamente de fora, cada pedaço, cada momento. Não pause sua vida porque em algum capítulo o roteiro não te agradou, há ainda muitas cenas por vir. Se no seu presente existem lembranças do passado, saiba que foi o seu passado que construiu seu presente. Não se ausente!”


Fernanda Gaona

“A fé é um exercício pra vida inteira. Muitas e muitas vezes, eu me distancio incrivelmente dela, achando que posso resolver tudo sozinha. Não é raro nessas ocasiões, na verdade é bastante comum, eu me atrapalhar toda num turbilhão de emoções que me drenam a energia e o sorriso. Mas, toda vez que consigo acessá-la, de novo, tudo se modifica e se amplia na minha paisagem interna. Na fé, eu sou capaz de me dizer, com amorosa humildade, que grande parte das vezes eu não sei o que é melhor para mim. Eu não sei, mas Deus sabe. Eu não sei, mas minha alma sabe. Então, faço o que me cabe e me entrego, mesmo quando, por força do hábito, eu ainda dê uma piscadinha pra Deus e lhe diga: “Tomara que as nossas vontades coincidam”. Faço o que me cabe e confio que aquilo que acontecer, seja lá o que for, com certeza será o melhor, mesmo que algumas vezes, de cara, eu não consiga entender.”

Ana Jácomo

Chega uma hora que a gente cansa...


"Chega uma hora que a gente cansa...
Cansa de buscar o que não pode ser alcançado,
Cansa de lutar por quem não quer ser conquistado,
Cansa de pensar no que não foi feito, não foi falado...
Chega uma hora que a gente cansa...
Cansa de viver tentando mudar,
Cansa de buscar resultados,
Cansa de identificar vestígios de sentimento...Cansa de se contentar com tão pouco, 
Cansa de esperar, de se conformar, de procurar saídas,
Cansa de pedir, de perguntar, de tentar entender,
Chega uma hora que a gente deseja o novo...
Chega uma hora que a gente descobre que ainda dá pra olhar pra frente. E começa a enxergar caminhos que antes não eram vistos...
Chega uma hora que a gente percebe que dá pra ir além do exato lugar onde estamos...Chega uma hora que a gente descobre que está VIVO, e que quer VIVER..."

Autor desconhecido


"Em um infinito de possibilidades, eu escolho todas. Tenho uma sede que não cessa e uma dificuldade imensa em escolher apenas um destino. Tenho uma curiosidade que me deixa inquieta e uma vontade de percorrer todos os caminhos que não tem fim. Alimento a idéia fixa de desfrutar coisas que ainda nem sei e o sonho de habitar em lugares onde nunca estive. Tenho vontades para suprir e um monte de janelas para abrir. Sem saída, aceito minha condição restrita, mas faço ser intenso tudo que já conheci. Posso até ser limitada do lado de fora, mas as minhas recordações não me deixam mentir: aqui dentro o espaço é imenso."

Fernanda Gaona


"Loucura é nem tentar. Nem os maiores devaneios morrem desse jeito. É como cortar as asas dos sonhos sem nem ao menos as testar. Se for assim, você vai morrer sabendo que até poderia fazer aquilo, mas o medo da altura te impediu. Tolo, é a própria altura que precisa empurrar pro pulo. Falta querer, perder o medo e se jogar.
Vai que voa?"

Gustavo Lacombe

"Enquanto corações, confianças e planos ainda são quebrados diariamente pelo anseio de ter uma coisa e a realidade mostrar outra, são as surpresas escondidas nos detalhes dos dias que ainda servem de motivos para acreditarmos que algo de bom pode acontecer – mesmo nas fases ruins. É aquilo de saber valorizar o que se tem e o que se pode agarrar quando aparece. Dar a importância certa para os momentos certos."

Gustavo Lacombe

sábado, 7 de junho de 2014

Problemas - Ana Carolina








Qualquer distância entre nós
Vira abismo sem fim
Quando estranhei sua voz
Eu te procurei em mim
Ninguém vai resolver
Problemas de nós dois
Se tá tão difícil agora
Se um minuto a mais demora
Nem olhando assim mais perto
Consigo ver por que tá tudo tão incerto
Será que foi alguma coisa que eu falei?
Ou algo que fiz que te roubou de mim?
Sempre que eu encontro uma saída
Você muda de sonho e mexe na minha vida
O meu amor conhece cada gesto seu
Palavras que o seu olhar só diz pro meu
Se pra você a guerra está perdida
Olha que eu mudo os meus sonhos
Pra ficar na sua vida!
Se tá tão difícil agora
Se um minuto a mais demora
Nem olhando assim mais perto
Consigo ver por que tá tudo tão incerto
Será que foi alguma coisa que eu falei?
Ou algo que fiz que te roubou de mim?
Sempre que eu encontro uma saída
Você muda de sonho e mexe na minha vida
O meu amor conhece cada gesto seu
Palavras que o seu olhar só diz pro meu
Se pra você a guerra está perdida
Olha que eu mudo de sonhos
Pra ficar na sua vida
O meu amor conhece cada gesto seu
Palavras que o seu olhar só diz pro meu
Se pra você a guerra está perdida
Olha que eu mudo os meus sonhos
Pra ficar na sua vida!



"No final do tunel existe uma janela. Talvez você precise antes passar por uma sequência interminável de portas fechadas e treinar seus ouvidos para o som da batida de cada uma delas, mas não deixe de caminhar. Eu sei que não tem a menor graça andar no escuro, e por não saber nada sobre o caminho, algumas vezes você irá tropeçar. Mas lembre-se, que é justamente essa coragem de andar por um lugar desconhecido e adquirir habilidade para se curar de cada tombo, que fará você começar a enxergar aos poucos frestas de luz. E pode não parecer, mas o som de cada porta se fechando um dia irá soar como música aos seus ouvidos. A canção de quem aprendeu a ler as esperas.De quem aceitou a partitura da fé e aprendeu a tocar as notas no momento adequado,na afinação de Deus."

(Fernanda Gaona)

A borboleta e a flor


Certa vez, um homem pediu a Deus uma flor... e uma borboleta.
Mas Deus lhe deu um cacto... e uma lagarta.
O homem ficou triste, pois não entendeu o porque do seu pedido vir errado.
Daí pensou : Também, com tanta gente para atender...
E resolveu não questionar.
Passado algum tempo, o homem foi verificar o pedido que deixara esquecido.
Para sua surpresa, do espinhoso e feio cacto havia nascido a mais bela das flores.
E a horrível lagarta, se transformou em uma belíssima borboleta.
Deus sempre age certo.
O Seu caminho é o melhor, mesmo que aos nossos olhos pareça dar tudo errado.
Se você pediu a Deus uma coisa e recebeu outra, confie.
Tenha a certeza de que Ele sempre dá o que você precisa, no momento certo.
Nem sempre o que você deseja... é o que você precisa.
Como Ele nunca erra na entrega de seus pedidos, siga em frente sem murmurar ou duvidar.
O espinho de hoje... será a flor de amanhã!"

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Bonitas mesmo



"Quando uma mulher é realmente bonita?No momento que sai do cabeleireiro?Quando está numa festa?Quando posa para uma foto?Clic,clic,clic.Sorriso amarelo, postura artificial, desempenho para o público.Bonitas mesmo somos quando ninguém está nos vendo.
Atiradas no sofá, com uma calça de ficar em casa, uma blusa faltando um botão, as pernas enroscadas uma na outra, cabelo caindo de qualquer jeito pelo ombro, nenhuma preocupação se o batom resistiu ou não à longa passagem doa dia.Um livro nas mãos, olhar perdido dentro de tantas palavras, um ar de descoberta no rosto.Linda.
Caminhando pela rua, sol escaldante, a manga da blusa arregaçada, a nuca ardendo, o cabelo sendo erguido num coque mal feito, um ar de desaprovação pelo atraso do ônibus, centenas de pessoas cruzando-se e ninguém enxergando ninguém, ela enxugando a sobrancelha com os dedos.Perfeita.
Saindo do banho, a toalha abandonada no chão, o corpo ainda úmido, as mãos desembaçando o espelho, creme hidratante nas pernas, desodorante, um último minuto de relaxamento, há um dia inteiro pra percorrer e assim que a porta do banheiro for aberta já não será mais dona de si mesma.Escovar os dentes, cuspir,enxugar a boca, respirar fundo. Espetacular.
Dentro do teatro, as luzes apagadas, o riso solto, escancarado, as mãos aplaudindo em cena aberta, sem comandos, seu tronco deslocando-se quando uma fala surpreende, gargalhada que não se constrange, não obedece à adequação, gengiva à mostra, seu ombro encostado no ombro ao lado, ambos voltados pra frente , a mão tapando a boca num breve acesso de timidez por tanta alegria.Um sonho.
O carro estacionado às pressas numa rua desconhecida, uma necessidade urgente de chorar por causa de uma música ou de uma lembrança, a cabeça jogada sobre o volante, as lágrimas quentes, fartas, um lenço de papel catado na bolsa, o nariz sendo assoado, os dedos limpando as pálpebras, o retrovisor acusando os olhos vermelhos e mesmo assim servindo de amparo, estou aqui com você, só eu estou te vendo.Encantadora.


Martha Medeiros

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Pequenos céus somados



"O pássaro que voará mais alto é o pássaro que nunca desistiu de puxar a coleira.

Será a ave amarrada pelas patas que não se conformou com o confinamento da gaiola e que toda manhã esticará seu corpo até o máximo.

Até o máximo daquele dia.

Não pode se soltar, mas nem por isso se sentirá preso. Não é livre, mas nem por isso deixará de admirar a possibilidade de flanar.

Se não tem condições de brincar com as árvores, brincará com sua sombra.

Se não tem como brigar pela comida, valorizará o alpiste que recebe em sua tigela quebrando minuciosamente cada grão.

Se não tem vento para expor sua plumagem, baterá as asas para fazer vento em si.

Se não tem o sol na cara, levantará as unhas pelas barras das grades por um punhado de luz.

O pássaro que voará mais alto sempre é o que – enquanto não pode voar – canta, é o que – enquanto não pode subir – caminha, é o que – enquanto não pode planar – afia o bico.

Não reclamará da falta de opção, usará as opções que tem.

Não pode voar, mas treina seu voo esticando a coleira até o máximo. Até o máximo daquele dia.

Puxará a corrente ao limite. Somará pequenos céus com os centímetros de sua corrente.

Tudo o que voará depois será resultado de tudo o que andou em seus limites. Cinco passos repetidos à exaustão darão o condicionamento de quilômetros. Não estará destreinado para as alturas, já que exercitou seu fôlego no chão.

Não desistiu de avançar mesmo com a ausência de espaço. Não se restringiu a uma aparência apagada. Não se encabulou pelo sofrimento.

Quando não havia chance de sair dali, aproveitou a solidão para se conhecer.

Quando não havia com quem conversar, aproveitou o silêncio para afinamentos.

Deveria ser triste pelas suas circunstâncias, porém é feliz pelo temperamento.

Deveria ser melancólico pelo destino, porém é confiante no acaso.

O pássaro que desaparecerá um dia no alto das nuvens, como se fosse mais uma nuvem, foi o pássaro que jamais parou de tentar.

Só voará alto quem carregou suas penas.

Só voará alto aquele que criou seu lugar um pouco por vez, aquele que formou sua virtude em segredo, aquele que não culpou a vida para se manter parado.

Liberdade vem com o tempo, liberdade vem devagar, liberdade é esforço. Não ser do tamanho de nossa prisão, mas ser do tamanho de nossa vontade."

Fabrício Carpinejar

terça-feira, 3 de junho de 2014


"Quando você deixa de esperar demais, deixa de focar naquilo que sabe que não vai dar em nada , você então começará a viver, a sentir de imediato as coisas se movendo, não como você talvez gostaria que naquele momento fossem, mas começará a aceitar como elas devem ser. Se esqueça do que não merece ser lembrado, faça uma limpa geral em tudo aquilo que te tira as forças, as suas energias, não precisa de muito esforço para discernir quem e o que..., basta você reparar, o que te causa falta de humor, de animo, o que te fere, o que te paralisa e te traz confusão. Não viva com a sombra da frustração, não viva com a ingratidão do descontentamento. Se perca, se encontre e se perdoe, pois a vida voa, bem mais rápido do que o seu entender e num segundo tudo pode mudar. Encontre a paz, o equilíbrio e se mantenha nesse caminho. Não vale a pena a agonia, a impaciência, com o tempo você aprende que quem promete demais, fala demais e nada faz não quer nada pra valer com a própria vida. Desapegue da expectativa, se afaste do que te causa duvidas e você logo verá, o inesperado acontecer. Para o universo conspirar você precisa acreditar e relaxar. Ao invés de pedir, pedir e pedir, comece desde já a agradecer... Coisas boas irão te acontecer."

Thais Fernanda

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Ela quer carregar o mundo...



"Ela quer carregar o mundo. Nos braços, nas costas, no bolso, no coração. Não importa o peso, ela aceita o desafio. Tem pressa, tem sede, mil idéias e ideais. Faz planos, mas, impulsiva, fica na expectativa do "grand finale" e se atrapalha. Ainda assim, ela continua. Tropeça, aprende e recomeça. Ela quer conhecimento, horizontes e motivos pra sorrir. Mais dias no calendário, mais noites e madrugadas e mais de vinte e quatro horas, só pra variar. Ela é uma, mil em uma e não tem sono no fim do dia. Mas às cinco, a tortura, ela tem sono pra acordar. Arruma e desarruma armários, a vida, o pensamento. Rabisca e guarda papéis, paga contas, revê fotos, amigos e filmes preferidos. Ouve e sente boa música, aumenta com prazer o som e quando é injustiçada, ela desaba e perde o tom. Se mostra mulher, se vê menina e quer pintar o quarto de lilás. Ela já teve mais pique, mas mesmo cansada persiste. Aposta no que há de vir e não desiste da correria. E ela corre... contra o tempo, do tédio e da solidão. Cozinha quando tem fome, inventa receitas inéditas, tem preguiça aos domingos, pinta as unhas de vermelho, aprende um novo idioma, compra e lê um velho livro, sonha e busca um novo rumo, abraça muitos, briga com meio mundo e escreve sobre o amor."

Yohana Sanfer

domingo, 1 de junho de 2014




"Não existe explicação para ser tomado de amor, alegria e gratidão. Um dia, simplesmente, as coisas fazem sentido, principalmente situações aparentemente desagradáveis do passado. Então você percebe que quando não conseguia andar, é porque estava aprendendo a ficar parado pra pensar mais, observar mais, cuidar de outras coisas que estavam sendo negligenciadas pela sua falta de tempo. A gente corre demais o tempo todo, mas isto não faz o nosso dia maior, isto só faz o nosso dia ser mais cansativo e nos empobrece. Por isso as pessoas perdem a beleza da segunda-feira porque passam as horas todas da semana esperando a sexta. E pouco se dão de prazer quando chega o fim de semana, porque além de tudo, se deprimem no domingo.
Há tanto a ser vivido de maneira mais leve, mesmo dentro desse turbilhão de trabalho e estudo e correria para ver quem acumula mais bens materiais. E todos esquecem que o corpo pede um olhar mais minucioso, os dias pedem mais admiração, as pessoas são mais importantes que as coisas e os acontecimentos são aprendizados, eternos aprendizados. As pessoas estão esquecendo que têm o direito à escolha e que cada um tem que passar por todas as estações do ano."

Marla de Queiroz 

Armadilhas




Vamos combinar que muitas vezes não há segredo algum, inimigo algum, interrogação alguma, nenhuma entidade obsessora além da nossa autosabotagem. A gente sabe que esticar a corda costuma encolher o coração, mas a gente estica. A gente sabe que nos trechos de inverno é necessário se agasalhar, mas a gente se expõe à friagem. A gente sabe que não pode mudar ninguém, que só podemos promover mudanças na nossa própria vida, mas a gente age como se esquecesse completamente dessa percepção tão sincera. A gente lembra os lugares de dor mais aguda onde já esteve e como foi difícil sair deles, mas, diante de circunstâncias de cheiro familiar, a gente teima em não aceitar o óbvio, em não se render ao fluxo, em não respeitar o próprio cansaço.
Eu pensava em todas essas armadilhas enquanto caminhava na Lagoa, um dia de céu de cara amarrada, um tiquinho de sol muito lá longe, tudo bem parecido comigo naquela manhã. Eu me perguntei por que quando mais precisamos de nós mesmos, geralmente mais nos faltamos. Que estranha escolha é essa que faz a gente alimentar os abismos quando mais precisa valorizar as próprias asas. Como conseguimos gostar tanto dos outros e tão pouco de nós. Eu me perguntei quando, depois de tanto tempo na escola, eu realmente conseguirei aprender, na prática, que o amor começa em casa. Por que, tantas vezes, quando estou mais perto de mim, mais eu me afasto. Eu me perguntei se viver precisa, de fato, ser tão trabalhoso assim ou se é a gente que complica, e muito. Como conseguimos ser tão vulneráveis, ao mesmo tempo que tão fortes. Somos humanos, é claro, mas ser humano é ser divino também.
Eu não tenho muitas respostas e as que tenho são impermanentes, como os invernos, os dias de céu de cara amarrada, os lugares de dor, os abismos todos, o bom uso das asas, os fios desencapados, as medidas e as desmedidas. Tudo passa, o que queremos e o que não queremos que passe, a tristeza e o alívio coabitam no espaço desta certeza. Eu não tenho muitas respostas. O que eu tenho é fé. A lembrança de que as perguntas mudam. Um modo de acreditar que os tiquinhos de sol possam sorrir o suficiente para desarmar a sisudez nublada de alguns céus. E uma vontade bonita, toda minha, de crescer.

 Ana Jácomo





"...quero ter mais gentileza com os meus sentimentos. Com todos eles, sem exceção. Quero ter mais habilidade para ouvir o que têm pra me contar, sem tentar abafar a voz daqueles que podem me trazer desconforto. Quero deixar que se expressem, exatamente com a cara que têm. Que me façam surpresas. Que me apontem as mudanças que já aconteceram e me falem sobre aquelas que pedem para acontecer. Quero que me mostrem as regiões ainda feridas em mim que precisam de olhar, de cura ou de perdão. Não quero sentimento acuado, amordaçado, varrido pra debaixo do tapete. Quero ser a melhor confidente de cada um."

Ana Jácomo

"Seja paciente e apenas espere.
Espere com profundo amor, em estado de gratidão...
Gratidão por aquilo que já aconteceu, e paciente por aquilo que irá acontecer.
Normalmente a mente humana faz justamente o oposto.
Ela está sempre resmungando por aquilo que não aconteceu,
e está sempre muito impaciente para que aconteça.
Ela está sempre se queixando, e nunca agradecida; sempre desejando, e nunca criando a capacidade de receber.
O desejo é fútil, se você não tiver a capacidade de receber."

Osho

"Parece que jamais serás a mesma e que nada mais terá sentido como antes, mas assim como é líquida essa tristeza, essas águas são dinâmicas e fluidas.Então deixa que as coisas se renovem, e que as perdas tenham mais de um sentido, que os vazios te ofereçam mais espaço, pra que a vida te compense com o impossível.E permita que a alegria se aproxime, e que traga mais calor para os teus dias, quando tudo nos parece um desolo, é possível ainda assim, ser poesia.
Seja forte, siga em frente, respire fundo, e perceba a importância de se ter braços vazios, pra que se possa ter espaço em si para abraçar o mundo."
Marla de Queiroz